Bebedouro instalado na Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais – 
Foto: Heberton Lopes.

Equipamento que dispensa o contato físico em registros e torneiras para pegar água, criado patenteado pela empresa mineira Beloar, é solução para frear contaminações por vírus, fungos e bactérias que podem causar doenças graves, como a Covid-19

A tão esperada vacina contra a Covid-19 segue com a sua distribuição pelos quatro cantos do país. Mesmo assim, ainda não é momento de relaxar, pois o novo coronavírus ainda é uma grave ameaça. Para minimizar o risco à saúde dos usuários de bebedouros, diversas organizações e repartições públicas adotaram o ÁguaàLaser como solução para zerar a possibilidade de contaminações por meio do contato com superfícies ao beber água. A invenção, criada e patenteada por Muriel Ornela, CEO da empresa mineira Beloar, consiste em um sensor infravermelho em torneiras e já é usada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Universidade de Brasília (UNB), Cidade Administrativa do Estado de Minas Gerais, além várias outras instituições espalhadas pelo país.

Com eficácia comprovada contra qualquer tipo de contaminação por meio de contato físico, como vírus, fungos e bactérias, só nos campi da UFMG, cerca de 1300 bebedouros foram adaptados com a tecnologia touchless ÁguaàLaser, popularmente chamada de “anti-coronavírus”. O dispositivo consiste em um sensor infravermelho que dispensa qualquer tipo de acionamento manual para liberar água em copos ou garrafas, o que acaba com a possibilidade de infecções por meio destes tipos de equipamentos.

Após a repercussão nacional do dispositivo por meio da imprensa, vários pedidos foram enviados à empresa mineira, que já tem encomendas para diversos estados brasileiros. “Já estamos despachando o ÁguaàLaser para outras universidades mineiras, além de instituições de ensino em São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul. Shoppings de Contagem(MG) e São José dos Campos (SP) também já fizeram solicitações, além de prefeituras, supermercados, academias e outras organizações”, explica Muriel Ornela, CEO da Beloar.

O empreendedor ressalta que o dispositivo ÁguaàLaser pode ser instalado em qualquer tipo de bebedouro ou, se o cliente preferir, é possível adquirir o equipamento completo. “Oferecemos a opção de apenas fazer a adaptação, sem precisar descartar o que o cliente já tem, o que gera economia e sustentabilidade e, caso ainda não tenha uma instalação, podemos despachar o modelo que o solicitante desejar. É interessante destacar que estamos estabelecendo parcerias com fabricantes, que até então eram concorrentes, e agora passarão a ter o nosso produto nos bebedouros produzidos por eles, como um dispositivo original de fábrica”, conta Muriel Ornela.

Nos antigos modelos de purificadores de água e bebedouros, o contato manual para o acionamento da torneira era necessário. Este procedimento não é recomendado, considerando que as mãos são um potencial meio de contaminação da Covid-19 e outras doenças. Conforme Nota Técnica Pública CSIPS/GGTES/ANVISA Nº 01/2020, o vírus SARS-CoV-2 pode permanecer até 72 horas em superfícies e, com a instalação do ÁguaàLaser, as possibilidades de se contaminar por meio de bebedouros serão totalmente eliminadas na instituição de ensino.

A bióloga, mestre e doutoranda em Imunologia pela UFMG, Ana Clara Matoso, destaca a importância de dispositivos que dispensam o contato físico para evitar a transmissão de doenças. Ela aponta que a disseminação de microrganismos e a propagação de infecções é preocupante em todo o mundo e, após o início da pandemia do novo coronavírus, têm aumentado o número de diretrizes e legislações para o controle da propagação destas infecções em espaços públicos.

De acordo com a doutoranda, a contaminação por contato pode ocorrer por contato direto com um paciente infectado ou indiretamente por meio de um objeto ou superfícies contaminadas, que funcionam como reservatórios de microrganismos que se espalham por quem entra em contato com ela, principalmente em locais onde passam um alto número de pessoas por dia, como instituições públicas, instituições de ensino e espaços de atendimento à saúde.

Veja abaixo alguns microrganismos encontrados em superfícies e que podem causar doenças graves:

Bactérias:

Acinetobacter spp. (Infecção do trato respiratório, pneumonia, infecção da ferida, bacteremia)

Campylobacter spp. (Gastroenterite – diarreia)

Clostridium difficile (Gastroenterite – diarreia, colite pseudomembranosa)

Enterococcus spp (Endocardite, meningite, infecção relacionada ao cateter hospitalar)

Escherichia coli (Gastroenterite – diarreia, peritonite, infecção do trato urinário)

Klebsiella spp. (Infecção do trato urinário, pneumonia, infecção do trato respiratório)

Salmonella spp. (Febre entérica, gastroenterite-diarreia)

Staphylococcus spp (Gastroenterite-diarreia, infecção de pele, pneumonia, infecção relacionada ao cateter hospitalar)

 

Fungos:

Aspergillus spp. (Infecção pulmonar, infecção de pele, infecção do sistema nervoso central, endocardite)

Candida spp. (Candidíase oral e vaginal)

 

Vírus:

Coronavírus spp. SARS (síndrome respiratória aguda grave) e MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio)

Influenza vírus (Gripe)

Norovirus (Gastroenterite – diarreia)

Rotavirus (Rotavirosos – diarreia aguda)

 

Tecnologia nacional

Há vários sensores no mercado, mas o diferencial do ÁguaàLaser, de acordo com o CEO da Beloar, foi a superação de um obstáculo tecnológico que outros fabricantes não conseguiram: fazer com que o sensor infravermelho funcionasse no sol. “Começamos a conceber o produto com um sensor que já vinha pronto de fábrica, mas foi preciso criar um próprio, com uma tecnologia e código fonte desenvolvida por nós. Todos os sensores infravermelhos comercializados, inclusive de torneiras de grandes fabricantes nacionais e internacionais, como a XIAOMI, não possuem tal tecnologia e ou não funcionam no sol (não sai água quando o produto está exposto ao sol) ou sai água sem cessar (o sensor aciona sozinho e libera água sem necessidade). Todos esses fabricantes que utilizam esse tipo de sensor nas torneiras orientam que o produto não fique exposto ao sol, mas a maioria dos bebedouros ficam em áreas abertas e não poderia ter essa restrição. Com esse impasse, nossos engenheiros trabalharam muito no laboratório com testes e ensaios e conseguiram chegar em uma variável em que o produto funciona em qualquer ambiente. Podemos dizer que apesar de ser uma empresa nacional e de pequeno porte, conseguimos superar a tecnologia de grandes indústrias nacionais e internacionais”, conta com orgulho.

Por mais que o uso da invenção de Muriel Ornela seja mais percebido em razão da pandemia, há outros benefícios importantes, como a inclusão social. “Além da Covid-19 e prevenção de vírus, o produto atua também na linha do importante assunto e que hoje está em alta, que é a acessibilidade. Com a liberação do fluxo de água por sensor de aproximação, idosos, cadeirantes e pessoas amputadas poderão consumir água com mais facilidade, visto que só será preciso segurar seu copo ou garrafa à frente da torneira de sensor, sem ser necessário apertar nenhum botão, o que gera mais independência por parte do indivíduo”, exemplifica.

A Beloar desenvolveu três tipos de torneiras com sensor que se adaptam aos principais bebedouros do mercado: bebedouro industrial, bebedouro de pressão e bebedouro acessível. Além disso, a empresa percebeu que poderia criar um adaptador universal para transformar torneiras de banheiros comuns em torneira de sensor, visto que os produtos semelhantes do mercado são muito caros, de acordo com Muriel Ornela.

Site da empresa: www.beloar.com.br

Loja on-line: //loja.beloar.com.br/

 


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